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Channel: Jezebel Brasil
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Temos uma notícia boa e uma ruim para lhe dar

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Todo mundo prefere a notícia ruim primeiro, então vamos lá: o Jezebel Brasil vai acabar. E este, então, é o post de despedida. Não teremos outros depois. – Mas como assim, Manu? Olha, menina, o povo da firma diz que foi uma “decisão comercial bastante difícil”, e foi. Explicando: lá no início do ano, a F451, que é a editora digital responsável por estas páginas, comprou a licença para republicar o Jezebel, da mesma forma que já faz com o GizmodoKotaku e Jalopnik. Fomos bem, o site cresceu um monte (para mais de 600 mil visitas no último mês), mas no fim estávamos produzindo algo que era diferente do original. Pegamos o espírito do Jezebel americano, mas expandimos os assuntos, fizemos cada vez mais posts com as questões importantes (e as celebridades não muito importantes) daqui, achamos uma voz. E essa personalidade própria e diferente do seu “espelho gringo” faz com que não fosse viável trabalhar sob este nome. A tal “decisão comercial” foi isso: O Jezebel Brasil estava indo bem, mas ele não era exatamente o “Jezebel”, então não fazia mais tanto sentido pagar milhares de dólares por mês para usar um nome que ainda não significava muito para o “mercado”, que é quem costuma pagar as contas. Mas entenda o Jezebel como um laboratório: continuaremos a trabalhar — esta é a boa notícia na qual falaremos logo.

Antes disso, precisamos nos despedir. Primeiro queremos agradecer a vocês, nossos leitores e leitoras, nosso maior motivo de orgulho. Cada opinião, crítica ou elogio contou muito para nós. Cada link do Jezebel compartilhado foi uma vitória, mesmo. Foi para vocês que nos esforçamos para produzir os posts sempre buscando falar dos melhores assuntos, com as melhores abordagens e linguagem que conseguimos alcançar. A presença de vocês conosco e a confiança no conteúdo que produzimos foi muito valiosa para a história deste site e para cada um que ajudou a construí-lo. A vocês, deixamos o nosso muito obrigado.

O Jezebel Brasil também quer agradecer, na figura da Bia Bonduki, nossa colaboradora mais frequente e integrante importante da nossa equipe, a todos os colaboradores que confiaram e acreditaram nesta proposta. A seguir, a Bia se despede de vocês e do Jezebel:

Lá pelo meio de 2011, eu me indignei com um texto de uma revista feminina e corri para xingar muito em meu blog pessoal. Acostumada a ter uma média de seis leitores, lembro que o post fez sucesso e eu ouvi de uma pessoa que admiro muito que talvez eu devesse começar a escrever para mulheres. Parecia profecia: depois de algum tempo surgia a versão brasileira do Jezebel, site que já acompanhava e servia de inspiração para escrever, e para o qual eu queria contribuir.

Tentei a sorte, procurei contatos em comum com a então editora e, quando vi, como que a realização de um sonho há muito tempo em andamento, estava escrevendo sobre o que gostava, para um público que gostava. O aprendizado foi incomensurável: cheguei aqui crua, com a experiência de redação publicitária, mas com muita vontade de aprender. E tive professores ótimos, tranquilos, sem melindres na hora de corrigir e sem medidas na hora de elogiar. E os leitores, que são o reflexo do que a gente faz, mostraram que estavam dispostos a participar conosco deste novo foco ao mundo feminino, cansado de frivolidades e regras.

Uma coisa que sempre senti na direção que demos ao Jezebel era a presença do bom senso. Quando se pensa em um site feminino/feminista, pode-se ir de um extremo fútil e repetitivo a um engajado e implicante demais. Nossa medida era não dar atenção demais a arroubos sem sentido (oi, Femen, vocês mesmas), nem deixar passar padrões intrínsecos que, se examinados de perto, são de um absurdo sem tamanho — que foi o caso da propaganda da Marisa, tentando estabelecer um comportamento dito “aceitável entre mulheres”, ainda por cima de forma atrapalhada. Usando de fatos, conseguimos mostrar um equilíbrio e analisar o aceitável e o detestável.

Foi aqui que tive a chance de entrevistar a Julia Bluhm, adolescente que não tolerou o uso excessivo de photoshop pela revista Seventeen, sossegar o facho das blogueiras queimadoras de Titia Shame, dar dicas de verão sem sofrimentoculinária para leigos e ferramentas para donzelas. O Jezebel também permitiu que eu falasse um besteirol matutino sobre a vida das subcelebridades, e que pedisse respeito quando a celebridade em questão não está interessada em holofotes. E mostrar com humor que mulher não precisa ser doente mental para amar, dure o tempo que durar, quem quer que seja. Por fim, foi aqui que pude abrir meu coração sobre familiaresqueridos e momentos de gafe. Vejo este site se encerrar com orgulho pelo que ele representou para nossos leitores, e feliz por ter feito parte dele.

Por fim, esta é a minha vez de me despedir, agora falando enquanto editora do Jezebel, mas também como uma colaboradora orgulhosa das conquistas do site, assim como Bia Bonduki, minha parceira tão querida. Eu aprendi muito com o Jezebel e, por causa disso, termino este ano com a certeza de que ele foi um dos mais importantes que já tive.

Por conta do seu recorte nos temas femininos, este blog me ensinou grandes lições sobre o feminismo, mas também sobre jornalismo, internet e as relações que as pessoas desenvolvem nela e com ela. Acima de tudo aprendi que o leitor está pronto para sites que falem de maneira aprofundada e que não fujam de dar opinião de assuntos espinhosos, mas que ao mesmo tempo riem da própria obsessão por celebridades e cultura da internet. A ideia aqui sempre foi falar sério sem necessariamente se levar muito a sério. Essa é uma ótima notícia para quem acredita na internet como uma possibilidade interessante para a comunicação e para quem quer respostas sobre o tal “futuro do jornalismo”. Estou muito feliz por tudo isto e agradeço a F451 Mídia e toda a sua equipe por ter me confiado a tarefa de editar o site.

E, falando de boas notícias, o que prometi contar no lá começo deste post também tem a ver com a busca da produção de conteúdo especial para o leitor. O Jezebel acaba hoje, mas já estamos trabalhando em um novo projeto. Ele deve respeitar e levar para frente tudo o que aprendemos e conquistamos com este blog, além de ter mais gente legal escrevendo, cobrindo mais assuntos e com, bem, não posso revelar muito mais. Mas adianto que a minha tristeza com o fim do Jezebel está rapidamente cedendo lugar ao otimismo com o novo projeto. Muito em breve divulgaremos o novo produto da F451 Mídia. Continue conosco e nossos blogs, estamos preparando muitas novidades para o ano que vem.

A seguir, listamos os 10 posts preferidos da nossa equipe para você relembrar junto conosco como foi o ano no Jezebel Brasil. Novamente, deixamos o nosso muito obrigado. Desejamos boas festas e um ótimo 2013 a todos.

1 - Girls, nova série da HBO, é a primeira a falar do grande problema da nossa geração: a falta de grana

2 - Dieckmann não está errada: esqueça o falso moralismo e aprenda a se proteger

3 - Desmascararam a Blogueira Shame e os blogs de moda continuam iguais

4 - 40 expressões faciais da presidenta as quais você ainda não deu a devida atenção

5 - O que ninguém nunca vai te contar sobre feminismo

6 - 10 motivos pelos quais o Femen Brazil não merece atenção. E fim de papo.

7 - 24 tipos clássicos de comentaristas de sites de notícias — um estudo sobre a mulher nua no mar do Flamengo

8 - Comercial da Marisa impõe padrão de beleza ao mostrar sacrifício alimentar como recompensa para um bom verão

9 - Espionamos a vida de Bond, James Bond, e descobrimos 50 curiosidades de seus 50 anos de história nos cinemas

10 - Não é só homofobia: 10 erros do texto ‘Parada gay, cabra e espinafre’ publicado na Veja


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